Aproximadamente 60% do cérebro humano é composto por gordura, o que faz com que os AGPs Ómega-3 EPA (ácido eicosapentaenóico) e, de modo especial, o DHA (ácido docosahexaenóico) sejam fundamentais para o desenvolvimento e função do cérebro. Estes micronutrientes são parte constituinte dos fosfolípidos, os componentes principais das membranas celulares.
O DHA é particularmente abundante no cérebro, na retina e em outros tecidos nervosos. Devido à sua composição altamente insaturada, o DHA adota uma forma tridimensional diferente de outros ácidos gordos, o que confere às membranas celulares uma maior permeabilidade e flexibilidade estrutural. Este é um fator muito importante, especialmente neste tipo de tecidos, pois permite um correto fluxo de neurotransmissores entre as células nervosas, bem como as mudanças conformacionais das proteínas de membrana, um fator fundamental para a eficiência da transdução de sinais [20]. Com efeito, estudos científicos demonstram que uma baixa concentração de DHA no cérebro está associada à redução da neurotransmissão de dopamina e serotonina [21, 22], o que tem sido associado à vários problemas mentais, tais como a perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) [23-26]. Felizmente, também existem evidencias cientificas sobre a relação entre a suplementação com Ómega-3, o aumento da concentração de DHA e EPA nas membranas celulares e a melhora dos sintomas da PHDA [27, 28].
A partir de vários estudos científicos ficou evidenciado o efeito protetor dos AGPs DHA e EPA em células nervosas, tanto em estudos em humanos [29] como em animais [30], e os seus mecanismos de ação investigados em maior detalhe em modelos de células in vitro [31]. Por exemplo, em um interessante estudo com ratos portadores de diabetes, se concluir que a suplementação na dieta com DHA foi capaz de prevenir a deterioração anatomofuncional dos neurónios, um quadro característico da neuropatia diabética [32], e também reduzir o stress oxidativo e as dificuldades de aprendizagem (modelo do labirinto aquático de Morris) em ratos com lesão cerebral traumática [33]. Em outro estudo se verificou que ratos alimentados com uma dieta pobre em DHA apresentavam importantes distúrbios de aprendizagem e da função cognitiva, efeitos que foram revertidos reintroduzindo o DHA na dieta [34].
Outro estudo interessante se concentrou nos efeitos neuroprotectores dos AGPs Omega-3 para combater a doença de Alzheimer. Sabe-se que os pacientes com essa doença apresentam baixos níveis de DHA no plasma e nas membranas celulares [35]. Em modelos animais utilizando ratos portadores da doença de Alzheimer, foi verificado que uma dieta rica em AGPs Omega-3 EPA e DHA produzia uma redução no acúmulo de péptidos β-amilóide, um péptido neurotóxico que está relacionado com a doença de Alzheimer [36]. De facto, atualmente já se propõe a utilização de AGPs Omega-3 DHA e EPA como parte do tratamento de múltiplas neuropatologias, como a neuropatia diabética, a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson [37, 38], a esclerose múltipla [39] e a depressão [40].
O DHA é fundamental na conceção, crescimento e desenvolvimento do embrião e do bebé. Vários estudos manifestaram sua influência no desenvolvimento visual e neurológico das crianças. Os programas PeriLip e EARNEST da União Europeia recomendam um consumo mínimo diário de DHA durante a gravidez e lactação de 200 mg, tendo verificado que as ingestões de até 1000 mg de DHA/dia são seguras. Uma dose adequada para uma mulher grávida ou mulher na amamentação é de aproximadamente 500 mg de DHA por dia.
A serotonina é um neurotransmissor fundamental do sistema nervoso. Níveis baixos de serotonina no organismo estão implicados em diferentes problemas mentais, como a depressão, PHDA, autismo, transtorno bipolar e esquizofrenia [41, 42]. Mesmo vários aspetos importantes do comportamento humano, como tomada de decisão e a impulsividade, também estão ligados a um deficit de serotonina. Devido a importância deste neurotransmissor, a comunidade científica tem se debruçado sobre este problema no sentido de investigar quais fatores podem influenciar a sua produção no organismo. Neste sentido, se descobriu que a vitamina D é fundamental na regulação da conversão do triptofano (um aminoácido essencial) em serotonina. Ademais, se observou que o EPA também é importante para aumentar a quantidade de serotonina no organismo. Tal ocorre através da redução que este produz no nível de prostaglandinas da série 2 no organismo. Estas prostaglandinas são responsáveis por produzir sinais inflamatórios no cérebro que que inibem a liberação de serotonina. O DHA também participa da ação de vários recetores de serotonina, tornando-os mais acessíveis à este neurotransmissor, devido ao aumentando da permeabilidade e flexibilidade da membrana celular dos neurónios [42].
Outro componente importante da fórmula do Nutribiolite OMEGA-3 + D3 + K2-7 é a vitamina K. Esta vitamina está envolvida na síntese de esfingolipídios, que são importantes constituintes das membranas celulares das células nervosas [43]. As alterações no metabolismo dos esfingolipídios têm sido associadas ao comprometimento cognitivo e ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. Ademais, os estudos indicam que a vitamina K também pode ter um papel protetor contra o estresse oxidativo nas membranas de mielina, independentemente de seu papel nas membranas neuronais [44].